quinta-feira, 21 de maio de 2015

4 passos para alcançar a felicidade, segundo o monge budista Matthieu Ricard


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Não. A felicidade não tem cheiro, não é algo palpável. Não está em ter um carro novo, o apartamento perfeito, a roupa de marca, alguém para amar ou o prazer em comer aquele pedaço de bolo de chocolate com cobertura extra. E não é "um revólver quente"como cantaram os Beatles. Ela não é uma sensação de prazer ou algo momentâneo.
Mas é algo possível. E pode ser (sim!) o sentimento que determina cada instante da sua vida -- se você aprender a controlar a sua mente. O monge budista Matthieu Ricard, é considerado "o homem mais feliz do mundo" e acredita nessa ideia e quer que ela circule por aí.
Segundo ele, a felicidade deve ser entendida como um sentimento profundo de serenidade e realização que sustenta todos os outros estados emocionais. Ou, se você quiser simplificar, é aquela sensação plena de bem-estar, mesmo quando o mundo está caindo à sua volta (ele conta aqui como chegou até ela). Eis 4 passos para entender e conquistar a felicidade, segundo Matthieu:

1. Escolha transformar o seu sofrimento
Ninguém acorda pensando: "Que dia lindo para sofrer", ou "Tomara que eu sofra o dia todo!". Mas, tudo o que fazemos, direta ou indiretamente, está ligado a um desejo profundo de bem-estar e felicidade. Certo? Afinal, ninguém sai de casa esperando que coisas ruins aconteçam. Mas por que continuamos sofrendo como se estivéssemos enfeitiçados por uma obsessão? A resposta está em nossa própria mente: ela não tem o treinamento adequado. Escolhemos focar a atenção plena no sofrimento -- e só nele. Segundo Matthieu Ricard, este "foco" só provoca o aumento da agonia. Quando um tema traz angústia é porque os pensamentos insistem em regressar à origem da dor e é preciso deixar de lado as emoções negativas para desenvolver as positivas (mas não é algo que acontece do dia para a noite. Exige tempo e esforço -- veja o tópico 4).
2. TER TUDO não é sinônimo de felicidade
A busca pela felicidade, muitas vezes, se dá de forma equivocada. Ela não está em "coisas" e não está ligada ao sentimento de prazer, ou a momentos considerados "felizes". Na sociedade ocidental, "ter tudo" é sinônimo de sucesso, de felicidade, de realização pessoal. Mas, na visão de Matthieu, o "ter" é um grande perigo. Já que se houver algo que não se conquiste, tudo ao redor pode desabar. Para ele, o controle que temos sobre o mundo externo é muito vago, limitado, temporário e, frequentemente, ilusório. Por isso...
3. Busque olhar para si, e não para o outro
Você pode estar no melhor lugar do mundo, mas completamente infeliz.
Então, como é possível criar condições para que a felicidade aconteça? Como identificar os sentimentos que possam minar a felicidade? Sentimentos tóxicos como ódio, raiva, inveja, arrogância, desejo obsessivo e ganância, deixam marcas e são capazes de interferir na felicidade do outro. A resposta é: olhar para as condições internas de mudança -- já que estão mais próximas e são mais fortes.
Segundo Matthieu, esta é a base de transformação da mente e o antídoto para estas emoções que minam o sentimento de bem-estar: não focar o objeto do ódio, mas sim, em como você lida com ele e treinar a mente para dissolver este sentimento até que, caso surja de novo (e sabemos que vai), ele apenas passe por ela sem deixar marcas.
4. Conheça e transforme a sua mente: medite!
Matthieu disse em entrevista à revista Galileu que não considera o budismo uma religião: "Não perdemos tempo discutindo Deus. A questão é irrelevante. Buscamos saber como a mente funciona. Precisamos refinar a percepção de nossa realidade." E é aí que o papel da meditação entra. Uma mente mais tranquila responde melhor aos desafios impostos pelo cotidiano, enquanto uma contaminada por emoções descontroladas levam a um caminho longe do equilíbrio e da serenidade.
Segundo ele, quanto mais aprendemos a lidar com estes sentimentos de forma passageira em nossa mente, podemos ser como o mar: por mais que as ondas fiquem inquietas na superfície e tempestades ocorram, a profundeza do oceano não muda, continua intacta. Lembra daquela história de "para ser grande, sê inteiro", de um dos poemas de Fernando Pessoa? É mais ou menos isso. E o caminho é aprender a meditar. Cientistas apontam que, pelo menos, 20 minutos por dia, durante duas semanas, pode ser revolucionar a sua percepção.

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